Como o blog adiantou, o Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, Dom  Eugênio de Araújo Sales, estará sendo homenageado pelos seus 90 anos,  comemorados no dia próximo dia 08.
 Neste sábado (06), às 09h, haverá missa em ação de graças na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro.
 No domingo, 09 de novembro, Dom Eugênio Sales será homenageado em  plenário, pelo Senado Federal. A proposição foi do hoje senador  norte-rio-grandense em exercício, João Faustino.
 Filho da cidade de Acari (RN), o cardeal D. Eugênio de Araújo Sales é  notícia, hoje, Brasil afora.  E no Vaticano. Arcebispo Emérito do Rio  de Janeiro, ele completa 90 anos no próximo dia 8, e serão celebrados  com missa em ação de graças na Catedral Metropolitana do Rio.
 Um potiguar não muito propenso a sorrisos e simpatia. Enérgico.
 Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo,  D. Eugênio diz que bandido não é cidadão, portanto, deve ser tratado  como bandidado. No Rio, já teve seu carro abordado duas vezes. Considera  as igrejas evangélicas, mas não as dos donos de TV e rádio.
 Sobre união homoafetiva, diz que o Jesus ensinou o  casamento é homem e mulher, por isso a igreja é contra o  homossexualismo, “mas não se deve desprezar o homossexual”. Para ele, a  igreja não agiu com o rigor a que deveria sobre os casos de pedofilia,  mas vê um complô contra.
 Revela que chegou onde jamais imaginou e que não deseja ser Papa, diante do sacrifício que se destina.
 “Bandido deve ser tratado como tal, não como cidadão”
 Ex-arcebispo do Rio, que completa 90 anos, diz ser possível haver  entendimento com evangélicos, “mas não com todos”. Confira a entrevista  que ele concedeu a Folha São Paulo:
 Folha – O sr. foi sagrado bispo aos 33 anos e tornou-se cardeal aos 48. É uma trajetória rara na igreja, não?
Eugenio de Araújo Sales – Não é comum, mas não me julgo uma pessoa  excepcional por isso. Apenas procurei cumprir meus deveres. Sempre  disseram que eu era tradicionalista, mas nunca me classifiquei assim.
 Folha - Incomodava ser chamado de tradicionalista  enquanto, durante a ditadura, o sr. ajudou entre 4.000 e 5.000  perseguidos políticos a sair do país?
 Eu não achava bom ser chamado de tradicionalista. Mas continuava meu trabalho da mesma forma.
 Folha – O sr. ligou mesmo para o então ministro do  Exército, general Sylvio Frota [ministro do presidente Ernesto Geisel,  de 1974 a 1977], e disse: “Se receber a comunicação que estou protegendo  comunistas no Palácio [São Joaquim, sede da arquidiocese], saiba que é  verdade”?
 Folha – Disse, mas não para agredir. Estava  revelando amizade, mas independência também. Não houve reação negativa  dele. Uma vez fui chamado para receber a Medalha do Pacificador  [concedida pelo Exército], mas não quis porque a situação era muito  difícil. Frota entendeu que não fazia aquilo como afronta. Eles sabiam  que eu não era comunista.
 Folha – Hoje temos a questão da violência, do tráfico. Qual o papel da igreja nesse cenário?
 O mesmo daquela época. Por mais de uma vez bandidos armados pararam  meu carro quando eu subia para o Sumaré [região do alto da floresta da  Tijuca]. Quando viram que eu estava no carro, mandaram seguir. Depois  disso, sempre passo com as luzes internas acessas. É sempre um susto.  Eles conhecem o carro e procuram esconder armas. Entendo o sofrimento  deles, mas isso não justifica seus atos. Bandidos têm que ser tratados  como bandidos, não como cidadãos. Bandido tem direitos humanos. Não tem  direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado.
 Folha – Como o sr. vê o crescimento das igrejas evangélicas?
 Elas têm presença forte e avançam, mas não me alarmo. Já participei de várias celebrações com pastores.
Não queremos agradar para conquistar, mas expor nossos pontos de vista. É  trabalho de entendimento, mas não com todos os protestantes. Esses  donos de TV e rádio atacam a igreja. Não vou atacar porque fui atacado. A  questão não é o número de fiéis, mas viver em Deus.
 Folha – Como o sr. vê o debate sobre aborto e união homossexual?
 A igreja tem doutrina. O casamento é homem e mulher, foi ensinado por  Jesus. A igreja é contra o homossexualismo, mas não se deve desprezar o  homossexual. Ele deve ser tratado com caridade. A adoção por parte de  homossexuais é outro problema. Não se pode expor uma criança a isso.
 Folha – A igreja enfrenta graves acusações de ter acobertado casos de pedofilia. Como o sr. encarou isso?
 A igreja agiu, mas talvez não com muito rigor. Precisava ter sido  mais enérgica. Porém, parece ter havido um complô de ataques à igreja,  aproveitando-se de um fato e generalizando para o todo.
 Folha – O sr. chegou a ser considerado candidato ao papado. Imaginou que pudesse ser papa?
 Nunca sonhei em chegar aonde cheguei. Ser papa é um sacrifício e jamais pensei nessa possibilidade.
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